Os estudos sobre manejo da vegetação da Caatinga ainda são recentes e para mobilizar mais pesquisadores a se engajar na produção de conhecimento sobre o tema o Serviço Florestal Brasileiro promove até o dia 16 de julho uma visita com 12 professores universitários dos cursos de Engenharia Florestal do Nordeste a locais onde a técnica é aplicada em caráter experimental.
O grupo irá a áreas de pesquisa nas cidades de Pacajús e Limoeiro do Norte, no Ceará, Mossoró e Serra Negra do Norte, no Rio Grande do Norte, e a Patos, na Paraíba. Em cada uma delas, o manejo assume características próprias, uma vez que a resposta da vegetação à técnica varia em função das espécies que lá existem, do solo e da topografia da região.
“A Caatinga não é uma vegetação uniforme em todo o semiárido, tem diferenças muito grandes dependendo de onde está e as universidades são parceiras importantes para gerar uma base de dados científica”, diz a engenheira florestal da Unidade Regional Nordeste do Serviço Florestal, Maria Auxiliadora Gariglio.
Maria Auxiliadora diz que o aumento da produção científica contribui para o aperfeiçoamento das normas sobre manejo. “O ciclo de corte no bioma era de 10 anos e mudou para 15 anos como resultado dos estudos da Rede de Manejo Florestal da Caatinga, que mostraram que esse período permitia uma melhor regeneração.” Parte das áreas que serão visitadas integram a Rede.
Lenha Sustentável - O manejo da Caatinga tem como principal produto a lenha, usada para a geração de energia em moradias e indústrias. O professor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Paulo Rogério Soares de Oliveira, que participará da visita, diz que a técnica é fundamental para permitir sua produção sustentável.
“A lenha é, de fato, um recurso muito demandado. Se a gente não estiver fazendo estudos para ver como fazer esse manejo, a tendência é a redução da vegetação porque a demanda por esses produtos é muito grande”, afirma. O manejo, além permitir produção constante, tem balanço de emissão de carbono zero, porque o gás carbônico emitido na queima é absorvido quando a floresta cresce.
No Rio Grande do Norte, existem parcelas permanentes – unidades de amostra para observação contínua para conhecer o comportamento das espécies florestais e seus processos de crescimento – onde serão desenvolvidos estudos sobre manejo pela UFRN. Oliveira diz que a experiência da Rede de Manejo será útil para os acadêmicos. “É muito interessante para nós nos vincularmos com a Rede, pois há todo um conhecimento que foi feito nessas parcelas.” A atividade de pesquisa deve ter a participação de estudantes.
Maria Auxiliadora vê com bons olhos o interesse. “Queremos que a academia pesquise junto com a Rede a questão do manejo e que apresente projetos de pesquisa nessa temática para o CNPq e outros órgãos financiadores de pesquisa, e não somente em conservação e florestas plantadas, que estão mais consolidados”, diz. (Fonte: MMA)
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